Mortos renegados por Valhalla, os Draugar (plural de Draugr) são desonrosos guerreiros vikings destinados à vagar com seus corpos apodrecidos pelos gélidos campos nórdicos, especialmente em territórios islandeses, onde se originou a lenda. Também conhecidos como Aptgangr, o significado original do nome destes espíritos vingativos é análogo ao termo “fantasma”. Exalam o odor repugnante da morte, além de possuírem a capacidade de aumentar muito sua estatura e densidade, trazendo o pior dos destinos às suas vítimas.
Caracterizados como almas furiosas em corpos cadavéricos e pálidos, algumas vezes descritos com a pele azulada ou umbrosa, os Draugar permanecem com suas vestimentas e armas utilizadas em vida. Diferentemente dos fantasmagóricos Haugbui – variação menos popular do mito, igualmente nórdica –, que só atacam aqueles que os ameaçam perturbando seus túmulos, os Draugar deixam suas áreas para assassinar outras pessoas, causando estragos pelas vilas nórdicas. Atormentam seus antigos inimigos, buscando vingança contra aqueles que lhes fizeram algum mal no passado.
Esses mortos-vivos da cultura viking também são reputados como avarentos, uma vez que colecionam riquezas e protegem os tesouros que foram enterrados com eles, mesmo após a morte. Referidos como “aqueles que caminham de novo”, os Draugar detém força sobre-humana e habilidades mágicas, fato perceptível em seu agigantamento citado anteriormente, e confirmado pela sua capacidade de manipular o clima, conseguindo ocasionar densas nevascas quando se aproximam em bandos. Também é dito que podem ver o futuro, denotando uma certa inteligência aos Draugar – diferente do que ocorre em algumas representações de zumbis na cultura pop. Alguns afirmam que eles são capazes até mesmo de atravessar rochas sólidas, sendo a forma como libertam-se das sepulturas.
Diante de inúmeras habilidades, torna-se uma tarefa difícil derrotar um Draugr. Ele não pode ser batido por meios normais, porém, existem diretrizes para isso. Segundo a lenda, esse monstro deve ser primeiramente combatido em um duelo corpo a corpo, antes de ter sua cabeça cortada. Ao decapita-lo, o guerreiro precisa queimar o corpo do Draugr. As cinzas da criatura devem ser enterradas ou lançadas ao mar.
Como forma de prevenção, para que nenhum guerreiro maligno e ganancioso volte à vida sob a forma de um Draugr, muitos vikings colocavam duas tesouras – daquelas rudimentares, da Idade do Ferro – abertas no peito do cadáver, além de pedaços de palha, ou de gravetos, cruzados sob a mortalha do defunto; fala-se também de agulhas nos pés. Evitando assim, um encontro com estes seres caóticos, que invejam os vivos.