segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Gorjala – Folclore Brasileiro

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Gorjala – Folclore Brasileiro

        Importação direta dos gigantes e ciclopes das lendas europeias, o Gorjala compõe o folclore nacional como um ser brutal das regiões Norte e Nordeste. Oriundo da memória dos colonos, seu nome vem da palavra “gorja”, sinônimo de garganta, ou de gorjal, peça de ferro que protegia o pescoço dos cavaleiros medievais contra golpes de espada. Item que parecia uma imensa boca escancarada, assim como a insaciável bocarra do Gorjala.
         Difundido nos estados do Ceará e Amazonas, o Gorjala é um gigante negro e horroroso, com um olho só. Acredita-se que o monstro seja um dos gigantes primordiais do folclore brasileiro, que com o tempo foi perdendo espaço para outros seres gigânticos do imaginário popular. No Amazonas, por exemplo, é bastante conhecido entre os seringueiros, que citam o Gorjala como um protetor das matas verdes, mas em alguns momentos é confundido ou preterido pelo Mapinguari na crença do povo amazonense.
        Esse monstro das ravinas nordestinas, apesar de ser lento, possui a pele negra como o ébano, isso disfarça a monstruosidade entre grandes morros e montanhas durante a noite, no qual os caçadores tornam-se presas fáceis. Alguns dizem que é a alma de um ex-escravo faminto. Sendo uma criatura feroz, que caminha a passadas largas, percorrendo pelos abismos e precipícios das serras do Ceará, gerando pequenos abalos sísmicos. Arrebatador, causa o desespero de todos ao redor. Sempre que um explorador desaparece pela região, suspeita-se que tenha sido devorado pela criatura.
      Apesar de toda sua imponência e ferocidade já mencionadas, o gigante herdou também a estupidez de seus similares dos contos de fadas e lendas mundo afora, podendo ser facilmente enganado por um aventureiro astuto. Mas, quando a vítima é capturada, o destino é mortal. O gigante colocará sua presa debaixo do braço e irá devorando-a viva pelo caminho às dentadas. Os gritos de desespero desses caçadores, despedaçados aos poucos, soam como música para o sempre esfomeado Gorjala.

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