Arranca-Língua – Folclore Brasileiro
Pertencente ao folclore da região Centro-Oeste do
Brasil, especificamente do estado de Goiás, a lenda do Arranca-Língua
popularizou-se na primeira metade do século 20. A criatura teria surgido nos matos
do Araguaia, atacando fazendas da região. Descrito pela população como um gigantesco
macaco de quatro metros, logo passou a ser chamado de King-Kong brasileiro, em
alusão ao famoso primata dos cinemas, do filme de 1933.
No ano de 1937, garimpeiros às margens do rio Vermelho
afirmaram ter escutado estrondosos urros ao anoitecer. Após uma noite em claro,
assustados e procurando o animal, teriam encontrado logo pela manhã uma pegada
de quarenta e oito centímetros nos arredores de onde estavam acampados.
Depois desse dia, diversos animais começaram a
aparecer mortos pelas fazendas, trazendo prejuízos para os fazendeiros em
regiões que compreendiam entre o rio Vermelho até Leopoldina, ilha do Bananal e Araguaia – onde muitos afirmam ser o habitat da criatura, nas encostas dos
rios –, tal feito denotava bastante força física ao monstro, pois conseguia
abater um touro. Muitos fazendeiros começaram a afirmar ter visto pegadas
enormes, algumas com mais de sessenta centímetros. Outro relato em comum era
que os rebanhos de gado mortos tinham o seu corpo intacto, porém, todos os
animais atacados possuíam uma mesma característica: suas línguas arrancadas.
O temor foi logo se instalando na população à medida
em que os casos foram ocorrendo e sendo noticiados pelos jornais da época. Algumas
versões passaram a afirmar que a besta visceral se alimentaria até mesmo da
língua de humanos, atacando sempre ao anoitecer. O fato de atacar humanos
também ganhou força pela declaração de um caçador goiano, que afirmou ter visto
a criatura trazendo consigo o esqueleto de uma pessoa. Posteriormente, o
primata seguiu fazendo vítimas em emboscadas sorrateiras. O monstro seria então
um humanoide gigante, de braços compridos, mãos longas e rosto achatado; uma
mistura de gorila e homem pré-histórico que, na crença popular, estaria punindo
os ladrões de gado da região.
Não se sabe se o
Arranca-Língua continua agindo. Assim, a versão mais aceita nos dias atuais é
de que houve um surto de febre aftosa que destruía os tecidos da língua do
gado, e ela caía como se tivesse sido arrancada. Todavia, o ente fantástico já
se consolidou no folclore brasileiro, fazendo com que muitas pessoas não se
arrisquem na região do Arranca-Língua, o monstruoso primata do sertão goiano.