sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Saci – Folclore Brasileiro

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Saci – Folclore Brasileiro

       Originária das tribos indígenas do sul do Brasil, a lenda do Saci espalhou-se por todo o país, recebendo influências africanas e europeias ao longo do tempo, um retrato da grande diversidade existente no Brasil. O fato de sua origem pertencer aos tupis-guaranis também rendeu variações do Saci fora dos domínios nacionais – como o Yasy-Yateré, das lendas paraguaias, argentinas, e uruguaias – mas não tão populares quanto a lenda no Brasil, afinal, trata-se daquele que talvez seja o personagem mais famoso do folclore brasileiro.
       É interessante notar que apesar de toda a sua popularidade, nenhum dos velhos cronistas do Brasil colonial registraram sua existência, os primeiros registros ocorreram no final do século 18 e desde então, há muita documentação sobre o duende brasileiro. Existem diferentes informações sobre a origem indígena que disseminou a lenda. O Saci seria o pássaro Matintapereira, ave postada sobre uma perna só, utilizando seu assobio para causar confusão e medo nos viajantes. Também do Tupi-Guarani vem o Çaa Cy Perereg (Çaa Cy – olho mau; Pérérég – saltitante), um ser lendário, menino indígena de cabelos vermelhos e com habilidade de ficar invisível.
         Muitos são os dados de origem e modificação do Saci. A lenda foi viajando pelo país, migrando às tribos do centro-oeste e sudeste, depois norte e nordeste. Pelos escravos que fugiam das senzalas o mito do Saci tomou outra forma, onde passou a ser descrito como um menino negro, foi quando também herdou o pito, cachimbo da cultura africana. Dos portugueses, o Saci recebeu o gorro vermelho, oriundo do Trasgo, criatura do folclore europeu. O fato de ser perneta possivelmente vem de uma certa tradição de mutilar seres assombrosos do imaginário popular. Pode-se dizer que este ser representa os três principais povos que formaram a nossa identidade, assim nascia o Saci-Pererê.
         A lenda do Saci se consolidou entre os séculos 18 e 19, ganhando popularidade com um extenso documentário sobre o mito, feito por Monteiro Lobato em “O Saci-Pererê, resultado de um inquérito”, no ano de 1917. Posteriormente, com a utilização da criatura nas obras do autor, as aventuras do Sítio do Picapau Amarelo ajudaram na divulgação da lenda. Enraizando a história do menino negro e travesso de uma perna só, o duende brasileiro que salta por ai vestindo um gorro vermelho que lhe concede poderes mágicos, fumando seu cachimbo.
     O folclore brasileiro traz o Saci-Pererê como uma criatura travessa que nasce dos bambus. Acompanhado por um redemoinho de vento, ele se diverte entrançando os rabos e crinas dos animais, saltitando e agitando o gado durante a noite. Criando problemas domésticos ao fazer objetos sumirem e alimentos se queimarem. Além de apavorar o caminho dos tropeiros e viajantes solitários, com o seu assobio misterioso e habilidade de aparecer e desaparecer quando quer, sempre rindo da situação. Uma criatura ágil, mas que se torna submisso àquele que tomar seu gorro mágico, ou jogar uma garrafa em meio ao redemoinho para capturá-lo. Quando de bom humor, ele ajuda as pessoas a encontrar coisas.
        Vale mencionar que existem os saciólogos, pessoas que se dedicam a estudar o mundo dos Sacis. Afirma-se que além do Saci-Pererê, descrito anteriormente, também existem outras espécies de Sacis brasileiros, os mais comuns são: o Saci-Trique – ele recebe esse nome pois faz o som de um galho quebrando, um “trique” – que não usa gorro e é caboclo, e o Saci-Saçura, negro, com duas pernas, e de olhos vermelhos. O dia do Saci é comemorado no dia 31 de Outubro, com o objetivo de conscientizar a população sobre a rica variedade cultural do folclore brasileiro.

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