quinta-feira, 9 de abril de 2020

Mapinguari – Folclore Brasileiro

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Mapinguari  Folclore Brasileiro

      Ao descobrir os segredos ocultos da imortalidade, um pajé transforma-se definitivamente na figura bestial, fétida, e antropófaga do Mapinguari. Carregando o fardo de sua forma resultante, dentre as criaturas que integram o ciclo dos monstros do folclore brasileiro, o Mapinguari destaca-se na Amazônia como o terror dos seringueiros, o predador dos caçadores – sua lenda é poderosa. Há quem também afirme que a criatura seria o destino final dos indígenas anciãos, transformados na monstruosidade, situação similar à lenda do Capelobo.
      A principal característica física do Mapinguari é sua descomunal boca vertical, que vai do nariz ao estômago, munida com milhares de dentes; o monstro também possui um único olho central. Humanoide de mãos compridas e garras afiadas, ele é descrito como uma imensa criatura simiesca, com uma pele maciça tal e qual um casco de tartaruga, ou espessa feito um couro de jacaré, conferindo ao Mapinguari invulnerabilidade à balas ou flechas. Seu corpo rígido é revestido por uma pelagem negra em algumas versões, e avermelhada em muitas outras. Toma características de outros entes folclóricos do Brasil, como o Gorjala e o Pé de Garrafa – preteridos por ele em diversas regiões –, bem como em algumas versões também surge com os cascos virados para trás, assim como os pés do Curupira.
      O Mapinguari emite gritos altos e curtos, utilizados também para encontrar os caçadores que o respondem. Dizem que durante a noite ele dorme, pois, ao contrário da maioria dos monstros, possui hábitos diurnos. Os domínios dessa criatura bizarra e peluda estendem-se pelo Pará, Amazonas, e Acre. Vagando em meio à Floresta Amazônica acompanhado de sua fome insaciável e sua aparência grotesca, exala um odor pútrido e insuportável, procurando por suas presas, principalmente ao entardecer. Em lábios enrubescidos banhados de sangue, a monstruosidade segue mascando a cabeça (alimenta-se apenas desta parte) de suas vítimas com sua bocarra anômala, após um ataque brutal.
     Apesar de sua invulnerabilidade já citada anteriormente, existe uma única forma de penetrar o corpo do Mapinguari e detê-lo, que é atingindo seu umbigo. O umbigo é um clássico ponto fraco dos monstros brasileiros, pois esta relacionado ao sinal de nascimento, a uma condição mortal. Vale salientar também que algumas versões da lenda trazem o Mapinguari como um ser que ataca aqueles que não se resguardam aos domingos e dias santos, saindo para a caçada, contudo, é explícita a influência das tradições católicas nestas versões; o fato é que sua origem é indígena, oriunda das misteriosas matas da Amazônia.
      Tido como um dos monstros mais originais do bestiário brasileiro, sua lenda vem ganhando uma crescente popularidade, além de atrair a atenção dos criptozoólogos. Assim, dentro da criptozoologia, o Mapinguari passou a compor um seleto grupo de criptídeos primatas, ao lado do norte-americano Pé-Grande, do nepalês Yeti, além do Yowie, das lendas australianas.
     Outros estudiosos acreditam que os avistamentos da criatura estejam ligados às preguiças-gigantes que viveram durante o período Pleistoceno. A extinção da espécie ocorreu há mais de 10 mil anos, porém, o paleontólogo argentino Florentino Ameghino sugere que algumas delas tenham sobrevivido e ainda habitem a Floresta Amazônica, dando origem ao mito. Por mais de 20 anos, David Oren, ornitólogo norte-americano, pesquisou e chefiou inúmeras buscas na expectativa de encontrar o extinto mamífero, ou o ser folclórico. O pesquisador não conseguiu nenhum resultado conclusivo. Portanto, o mistério ainda continua, sobre o mais popular dos monstros da Amazônia: o Mapinguari.

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