Também conhecida como
Anta-Cachorro ou Anta-Onça, a Tapiraiauara (também grafada como Tapira-Iauára,
Tapirê-Iauara ou Tapyíra-Iauára) é mais um ser quimérico do nosso folclore. Um poderoso
híbrido das antigas lendas indígenas, que dizem habitar as águas e os arredores
do rio Madeira e seus afluentes. Criatura fantástica de dimensões avantajadas, difundida
principalmente no Amazonas, mas também relatada em Rondônia e até mesmo no Pará,
tem em seus movimentos impetuosos uma exibição de sua notável força bruta.
Suas descrições variam um
pouco, no entanto, em geral, é narrada como uma criatura muito grande, que tem
forma de onça, mas cabeça e pés de anta, muitas vezes retratada com longas orelhas
e uma crina de fios espessos. Em alguns relatos, surge com uma pelagem de tom
mais avermelhado, em outros, é citada com um corpo negro. Há também quem diga
que suas patas da frente na verdade possuem nadadeiras, enquanto as patas
traseiras são iguais às de um cavalo. Além disso, existem relatos que lhe
conferem um terrível odor, tão insuportável quanto o do Mapinguari. Alguns
também falam sobre seu par de olhos misteriosos e intimidadores, que anunciam
sua chegada junto da água turva.
A Tapiraiauara prefere evitar
assentamentos humanos, vivendo nas profundezas dos bosques e dos aningais. Alguns
a rotulam como uma guardiã da vida aquática e dos rios, enquanto outros classificam
suas ações de forma mais ampla, como uma figura soberana que aterroriza os caçadores
para proteger os animais, independente da espécie e do habitat deles. Para
outros, ela é alvo de estudos da criptozoologia, como uma possível espécie remanescente
da megafauna extinta. O fato é que, seja como for, a fera territorialista irá
repreender aqueles que perturbarem suas áreas, bem como todo e qualquer excesso
contra as leis da caça, atacando sem piedade os pescadores e caçadores, em
especial os covardes que ousam matar as fêmeas prenhas.
Aterrorizando os igapós
ao agitar as águas com violência, ela emerge estrondosamente; uma besta
furiosa, virando as canoas dos pescadores – alguns folcloristas atribuem tais
características ao falarem de uma criatura chamada Tapira, ou Tapiora, como uma
onça anfíbia descendente da Tapiraiauara, ou um fragmento do mesmo mito; no
entanto, coletando e analisando relatos ribeirinhas, aparentemente trata-se da
mesma fera, apenas com o nome abreviado. Ainda, não é somente pelos rios que
tal criatura oferece perigo, sendo habilidosa também em terra firme. Mesmo que
sua presa suba na árvore para refugiar-se, a Tapiraiauara irá cavar a terra
incessantemente até derrubá-la, com toda sua voracidade.