sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Quibungo – Folclore Brasileiro

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Quibungo – Folclore Brasileiro
    Bastante popular na literatura oral da Bahia, a figura do Quibungo chegou ao Brasil junto aos escravos vindos da África, o que lhe concede às vezes a alcunha de Ogro Africano ou Papão Negro. A criatura não sofreu tantas alterações na sua chegada ao Brasil, mas ganhou alguns elementos europeus e foi incorporado ao folclore nacional como um personagem afro-baiano.
   Seu nome significa “lobo” no Congo e Angola, pois inicialmente aparecia dessa forma nas aventuras contadas pelo continente africano. Outra interpretação de seu nome vem dos povos Bantus. Acredita-se que a palavra quimbundo (diferente de quibungo) seja uma forma de referir-se ao invasor e assim, inspirados pelo temor dos lobos e dos invasores que roubavam crianças e mulheres, surgia no imaginário a concepção da monstruosa criatura.
      No Brasil esse personagem dos contos africanos recebeu novos atributos, formado pelos negros do nosso país. A combinação de animal – ora descrito como metade lobo, ora como meio macaco – com um velho negro e maltrapilho, gerou um faminto ser demoníaco de cabeça aberrante. A criatura bestial é grande e descrita com uma boca vertical no meio das costas. Um enorme buraco cheio de dentes que começa na nuca. Essa boca sempre abre quando o monstro se abaixa.
      A figura do Quibungo não se deslocou para outras regiões brasileiras, permaneceu na Bahia, no qual entrou para a dinastia dos pavores noturnos, daqueles que aterrorizam as crianças que não querem dormir, como a Cuca e o Tutu, integrando cantigas populares baianas. Apesar de supô-la africana, dizem que a boca nas costas da criatura seria uma assimilação mais monstruosa do Homem do Surrão presente nas lendas portuguesas, no qual um senhor esfarrapado captura as crianças e coloca elas em um saco de couro que carrega nas costas. Assim como o Quibungo, que abaixa para pegar as crianças relutantes a dormir, e as joga para dentro da boca em suas costas, engolindo-as. Ao terminar sua refeição, ele fica de pé e a boca se fecha.
      O Quibungo surge sempre num conto romanceado, como uma figura feia e estúpida. Dizem que, similar ao que acontece na relação dos indígenas com Mapinguari e o Capelobo, o Quibungo teria sido um homem negro, que ficou tão velho a ponto de se transformar na enorme e brutal criatura. Esse devorador de crianças também possui duas particularidades em relação à maioria dos monstros do folclore brasileiro. Ele prefere viver nos campos, ao invés das florestas, e também pode ser morto por qualquer arma, pois não possui nenhuma invulnerabilidade, podendo ser derrotado por um tiro ou corte mortal.

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