Temido pelos indígenas e pelos caçadores, o Capelobo causa
violência e espalha terror no interior dos estados do Pará e do Maranhão, com
histórias tenebrosas por acampamentos e barracões, atacando da mesma forma pela
região do rio Xingu. Sem a força mágica do pajé ou de rituais, os indígenas
ganham um novo rumo sob a forma brutal do Capelobo – é o que dizem no Xingu. Essa
transformação ocorre de forma espontânea quando ficam bem velhinhos; não tem
volta. Alguns folcloristas o definem como o “Lobisomem dos indígenas”.
Também chamado de Cupelobo, a besta feroz é retratada com
uma face animalesca, de um tamanduá ou de uma anta, e um corpo humanoide
coberto por pelos longos e negros. Possui duas pernas, pés com cascos, mas
também aparece como uma criatura perneta em algumas versões. Isso ocorre devido
ao seu nome, que é uma junção do substantivo português “lobo” e do termo “capê”,
de possível origem indígena, que significa “torto” ou “osso quebrado”. De forma
limitada, aos poucos a lenda do Capelobo tem se espalhado por outros lugares do
Brasil, portanto, sua versão unípede também pode ser uma indicação a outro
monstro brasileiro, o Pé de Garrafa.
Anunciando sua
inevitável e apavorante chegada, o Capelobo solta poderosos gritos e rugidos. Tal
criatura notívaga e medonha rasga sua vítima e bebe todo o sangue; essa
entidade truculenta também ataca com um abraço mortal e, como um tamanduá
deliciando-se em um suculento banquete no formigueiro, projeta seu repugnante e
alongado focinho na região mais alta do crânio, penetrando-o para sugar o
cérebro de sua presa humana. A monstruosidade também vaga em busca de animais
recém-nascidos, como filhotes de cães e gatos. Em suas frenéticas caçadas noturnas,
o ágil Capelobo só pode ser morto por um ferimento fulminante no umbigo, sina
de diversos monstros brasileiros. De qualquer forma, não arrisquem-se por suas
áreas.