Pela América do Sul existem muitos mistérios que envolvem o lobo-guará, alguns acreditam que seu olhar pode
hipnotizar os caçadores; outros, creem que carregar um dos olhos do animal como
amuleto trará boa sorte ou até mesmo um amor impossível (uma terrível falácia
que, em meio a diversos outros fatores, também contribuiu para a espécie estar
ameaçada de extinção). No entanto, apesar dessa introdução, é sobre outro Guará
que iremos falar. Não, não é sobre a ave. É sobre algo mais terrível. Uma
criatura mítica do grupo de monstros do nosso folclore.
Guará é um termo que na
língua tupi significa vermelho, exata coloração do corpo de tal ser aberrante que
amedronta os seringueiros da fronteira do Pará com o Maranhão. Esse criptídeo
brasileiro faz das tardes de verão sua hora preferida para atacar, sendo raros
os ataques noturnos. Teria a estatura de um veado-catingueiro, sendo uma
mistura do mesmo com uma capivara. Sem chifres e de pescoço alongado, ronda
pela região com suas pernas esguias, sedento por carne, armado com seus dentes salientes
como os de um roedor. Salivando igual a um cão faminto em busca de sua presa.
Porém, o que torna o
Guará tão singular é seu sistema anômalo. Seu corpo é estreito na frente e grande
atrás; ele tem seus intestinos literalmente desprendidos, sacudindo em seu
interior. Assim, quando desce algum aclive, seus intestinos vão parar no seu
peito, sufocando-o, ao ponto de precisar caminhar lentamente para respirar. É
nos terrenos planos e nas subidas que ele se liberta, conseguindo correr
velozmente como uma besta enfurecida, desferindo suas mordidas letais.
Seus berros
ensurdecedores emulam um desesperador grito humano, na tentativa de atrair suas
vítimas. Os sobreviventes dizem que as fêmeas são mais intrépidas, e com uma
carne que lembra a felpa seca dos veados. Diferente dos machos, ligeiramente
mais cautelosos, e com uma carne imprestável e malcheirosa. Para combater um
Guará é melhor caminhar em grupos acima de três pessoas. Do contrário, a
travessia não terminará nada bem.